sexta-feira, 26 de setembro de 2008


Solfejo

Levou outro tapa
na cara,
no rosto,
na fonte.
Ouviu mais palavras vulgares
em casa,
na rua,
nos bares.
Saiu, foi chorando na chuva
de raiva,
de medo,
de boba.
Jurou que deixava o bairro
mentira,
blasfêmia,
calúnias.
Olhou bem de perto
a cara
do cara
sem medo
nos lares.
Sentiu tanta raiva
na rua,
mentira,
na fronte.
Fechou a janela pensando
no tapa,
de tola.
Deitou sem a velha almofada,
com medo
da chuva
no bairro.
Rezou e dormiu sossegada,
de fronte,
de frente,
sem tara.
Sonhou com o Sol
na janela,
na vila,
no morro,
na praça.
Beijou o marido
com pena,
cedendo- lhe a face
ganhou outros tapas.


Érika Fernanda Ranah Rodrix
rannahandrade@yahoo.com.br

Nenhum comentário: