terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Romance cubista de Gertrude Stein desafia o leitor

Folha de São Paulo - 07/12/2008 - por Noemi Jaffe

Já faz parte de nosso repertório consolidado a imagem de um quadro cubista. Aquilo que um dia foi inaceitável, de tão estranho ao imaginário burguês, hoje praticamente se transformou num lugar-comum. Mas e uma narrativa cubista? Infelizmente, nesse terreno, o hábito do público ainda resiste bravamente; não se sabe direito o que é um romance cubista e, quando se "enfrenta" uma leitura como essa, a tendência é, quase sempre, a da negação. Gertrude Stein escreve por quebras e repetições; frases que não se desenvolvem, adjetivos que se permutam em tríades infinitas. Nada se explica nem se interpreta. "Cada momento é uma coisa essencialmente nova"; "tudo quebra; nada continua; tudo se isola" e "uma coisa sem progresso é mais esplêndida do que uma coisa que progride" são palavras da própria autora, praticadas fielmente no romance Três vidas (Cosac Naify, (248 pp; R$ 46). Realmente, não se trata de leitura fácil; não se espere fluência nem densidade narrativa.

Nenhum comentário: