segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Mulheres na filosofia


CUIDADO!! Isso pode ser perigoso… (risos)
Novembro 9, 2008 por at0pos

proposta do livro: reunir trabalhos filosóficos sobre mulheres, gênero e
feminismo; "… o que se pretende buscar nas reflexões apresentadas nesse livro
não é verdade alguma, mas apenas sua busca." (p.10) - Trecho do livro


[(se não quiser perder tempo, pode pular essa parte, não ficarei chateado – JURU!) Tá, mas pera aí – tendo em vista que: mulher ao volante, perigo constante – imagine – as pragas na filosofia!? e ainda por cima, os pensamentos delas reunidos num livro!! Tá louco! Tenho medo só de pensar. Dar voz às mulheres é loucura!! – as mulheres são dissimuladas, sedutoras natas, e subversivas!!! – E isso é histórico: vide [o mito da criação] Adão e Eva; também a Guerra de Tróia (vejam que mulheres reunidas só pode dar problema – queriam decidir quem era a mais bela e deu no que deu…) – isso sem falar na Pandora!!! Em geral, sempre que mulher é citada (ou tema) de algum mito, ou algo parecido, ela é relacionada a males e desgraças no seio da humanidade! UHAHAha. É… Mulher é um bicho perigoso – tomem cuidado! Não, mas deixa eu contar: além de perigosas, são absurdamente comlicadas! – como conseguem? E ainda dizem: “Oh, você não me entende – não me entende!”. Ora, me diga: como é possível entender um ser que muda de humor em equestão de segundos!? – tá louco! aHUAHAa]
Não fosse pela qualidade dos textos, o livro já valeria a pena só pela ousadia de sua proposta: reunir trabalhos filosóficos sobre mulheres, gênero e feminismo. Destacar a ousadia como característica relevante em um projeto acadêmico pode parecer uma escolha inadequada, a não ser que se leve em conta o fato de que, ainda hoje, em nosso país são vistas com desconfiança iniciativas em promover o diálogo da filosofia com outros campos de investigação voltados para questões muito próximas ao concreto. Enquanto em outras áreas do saber os chamados estudos de gênero já atingiram alto grau de amadurecimento, como atestam a quantidade e, sobretudo, a qualidade da produção teórica, no âmbito da filosofia tais estudos ocupam ainda uma posição marginal. Filósofas e filósofos brasileiros resistem bravamente a refletir sobre mulheres e gênero, talvez por considerarem que tais temas não se prestam ao tratamento teórico e conceitual, próprio da filosofia. A produção filosófica sobre mulheres e gênero no Brasil restringe-se a algumas traduções de livros estrangeiros e a raros trabalhos de autores brasileiros.
Estes últimos encontram-se dispersos em periódicos acadêmicos de circulação restrita ou estão publicados como capítulos de livros cuja temática central é outra. O livro Mulheres, filosofia ou coisas do gênero é o segundo dedicado ao tema organizado por Marcia Tiburi, desta vez em parceria com Bárbara Valle. Em outros países esse estranhamento entre os dois campos de estudo não acontece. Há filósofas e filósofos que, não apenas pesquisam sobre questões de gênero, como também mantêm um profícuo diálogo com outras áreas de conhecimento. Exemplifica perfeitamente essa situação a filósofa espanhola Celia Amorós, cujos trabalhos são conhecidos mundialmente e referenciados com freqüência. A propósito, esta autora contribui para o livro Mulheres, filosofia ou coisas do gênero com um texto inédito, intitulado "Movimentos feministas e ressignificações lingüísticas". Os treze trabalhos que compõem o livro revelam uma preocupação comum: não perder de vista o fato de que as reflexões sobre mulheres e gênero estão sendo realizadas a partir do lugar da filosofia.

Livro: Mulheres, filosofia ou coisas do gênero
Marcia Tiburi e Bárbara Valle (organizadoras)
Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2008.

Essa preocupação aparece mais claramente nos textos em que a referência a filósofas e filósofos consagrados é explícita. Assim, Adorno, Benjamin, Hannah Arendt, Kant, Lévinas, Nietzsche, Edith Stein, inspiram respectivamente as reflexões de Marcia Tiburi, Bárbara Valle, Virgínia Figueiredo, Alice Lino/Imaculada Kangussu, Magali M. Menezes, Maria Cristina F. Ferraz, Álvaro Valls. O rigor conceitual, porém, bem como a fundamentação das críticas e dos pontos de vista defendidos, dentre outras características peculiares à filosofia, estão presentes também nos outros textos, que não partem de uma referência teórica específica. Os trabalhos aqui reunidos reforçam a idéia de que a filosofia não é e não precisa ser um pensamento desvinculado da realidade. Os filósofos não são sujeitos transcendentais, mas têm muito a dizer sobre situações concretas, pois refletem e escrevem a partir de suas condições de seres empíricos, isto é, de sujeitos sexuados e contextualizados. Assim, a conclusão encontra a idéia inicial: a raridade do tema, a coragem em reunir textos filosóficos que tratam de mulheres e gênero; este fato, por si só, justifica o interesse pelo livro e motiva a leitura dos bons trabalhos que o compõem.


Fonte: Revista Cult
Por Maria da Penha F. S. Carvalho

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